sexta-feira, 27 de agosto de 2010

>Família de Baixa Grande sobrevive da tradição de fazer beiju


Seu José de Jesus Macedo, 89 anos, é o patriarca da família, viúvo e filho de agricultores, ele conta que junto com os irmãos herdou parte da terra que era dos pais, quando casou comprou uma outra parte e hoje ele possui 70 tarefas, no município de Baixa Grande. Dos sete filhos que teve apenas um mora com ele, em casa, que é seu Valdomiro e a esposa, Dona Marinalva, e os quatro netos, Danilo, Ricardo, Márcia e Adriane.
A família desenvolve na propriedade diversas atividades, mais o ponto forte é a produção de beiju, passada através de gerações, como conta Seu Valdomiro. “Tem 60 anos que a gente lida com beiju, meus pais deixaram e gente continuou, desde quando casei, há 15 anos, a gente vive disso”. Junto com a esposa ele produz toda semana, vende na feira do município e para Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que repassa o beiju para a alimentação escolar.
“O beiju de tapioca é o que garante a renda da família, a gente vive disso, vende o saquinho de um real, a quebradinho no quilo e no litro, a gente também trabalha com o beiju colorido, passa a cenoura e a beterraba no liquidificador, o suco a gente mistura coma goma, dá um colorido tão bonito, mais como é uma coisa nova as pessoas ainda não estão acostumadas”
Com a ajuda de Dona Marinalva, eles plantam mandioca e depois fazem todo o trabalho na casa de farinha, ela ensina como se faz. ‘Primeiro raspa a mandioca, depois rala, depois mistura no cocho com água, coloca no saco e põe numa prensa e lá separa água da massa, depois a gente côa água, e deixa assentar, coloca outra água, deixa assentar de novo, até a goma ficar no jeito de peneirar, não pode ficar úmida demais e nem seca, se não o beiju não resseca”, explica a produtora.
Ela também fala que durante a produção do beiju mistura a goma e sal com a própria água da mandioca, que é para dar mais sabor. O litro da quebradinha é vendido de um real e vinte e cinco centavos e quilo a oito reais. Além do beiju tradicional, eles fazem o beiju com coco, e o beiju viradinho. Seu Valdomiro criou uma caixa para sevar a goma, que ele colocou em volta do triturador para proteger a mão. Alguns dos irmãos que moram vizinhos também trabalham com o beiju em suas casas, mostrando que o beiju é uma tradição de família.
Da mandioca eles aproveitam tudo, além de fazer o beiju, a quebradinha e a farinha, o que sobra vai para os animais. A caspa, a rama da mandioca e a massa que fica quando separa a goma, vai para a alimentação de cachorro, galinha, porco, a vaca que dá o leite para a família.
Seu Valdomiro tem orgulho de assim como os pais e avós, ser agricultor, eu “Também sou da agricultura, tudo que os meus pais conquistaram foi da roça de mandioca, milho o feijão, o fumo era daquele tempo, eu não alcancei mais a época do fumo, hoje muito pouco se planta no inverno. A gente continua, com o mesmo trabalho deles, sempre sobrevivemos da agricultura”.
Produção de Mel
Além do plantio da mandioca, milho, feijão, pinha, amendoim, melancia, acerola, eles ainda produzem o mel, a família possui 40 colméia. Seu Valdomiro conta que em 2009, produziu 300 litros, e em janeiro desse ano coletou 250 litros. “Quando a gente consegue vender todo dá para lucrar entre dois e três mil reais, por enquanto a gente vende para a CONAB na merenda escolar, e para algumas pessoas, estamos nos organizando em uma cooperativa em Ruy Barbosa, já temos Associação dos Apicultores de Baixa Grande” explica.
Na área da barragem que ele ganhou através do P1+2, ele pretende plantar legume, cenoura, abobrinha, pimenta, alface. “A gente produz um pouco, mais para ter uma quantidade maior para vender na feira tem que ter água”. Através da participação durante intercambio do P1+2, ele aprendeu uma técnica para manter a área em que planta melancia molhada por mais tempo, ele pega uma garrafa pet e fura com alfinete para que ela libere a água de pouco a pouco. Participei de vários cursos, para entender como trabalhar aqui na nossa região, Sei que não é bom queimar, a gente não usa agrotóxico, é mais o esterco orgânico de curral, pois nosso terreno é fértil.
Envolvimento com o movimento social
Uma das histórias interessantes vida de seu Valdomiro, aconteceu no ano de 2009, quando somente ele tinha amendoim na região de Baixa Grande. “O feijão deu pouco nesse ano, aí tive a idéia de plantar amendoim, produção de amendoim cobriu a safra do feijão, aí deu para fazer quase 1000 reais na passagem do São João, aqui ninguém tinha o costume de plantar amendoim, nesse ano não ganhei dinheiro com o feijão, mais ganhei do amendoim”.
Uma outra historia sobre ele é a participação política, desde jovem ele se envolveu com o movimento de base da igreja católica, “A gente tinha o Movimento de Animação Cristã no Meio Rural, onde a gente discutia todas problemáticas sobre a vida no campo, o tempo, a seca, conversava também sobre os nossos direitos no meio político e social, aí através dessas reuniões, a gente defendia que o trabalhador do campo deveria ser sindicalizado ter sua categoria, depois a gente viu que a gente não podia só votar em patrão, mais votar na gente mesmo, e ainda continuamos até hoje na luta”. 
www.baciadojacuipe.com.br
Com informações do O Candeeiro

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